quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

FELV - Leucemia felina não é um bicho de sete cabeças


FELV - Leucemia Felina

Gateiras novatas e até as mais experientes sempre se apavoram ao escutar o nome de algumas doenças, como FELV, a “leucemia felina”.  É comum as pessoas associarem essa doença, exclusiva dos felinos, à leucemia humana. 


Ao contrário de sinônimo de um câncer, como ocorre para os seres humanos, a leucemia felina é causada por um vírus, que pode provocar um grande variedade de desordens degenerativas – entre eles, sarcoma, linfoma e doenças hematopoéticas –, mas também pode ser assintomático e até curável.  De qualquer forma, o importante é saber como a doença é transmitida, os sintomas e cuidados necessários.

A contaminação ocorre pelo contato entre um gato contaminado e um gato saudável. Para isso, eles precisam partilhar as mesmas vasilhas sanitárias e os mesmos potinhos de água e comida. Também pode ocorrer por meio de uma mordida, espirros ou nos cuidados com a higiene entre eles – o famoso banho de gato.

Em geral, a maior concentração do vírus está na saliva, em secreções nasais, no sangue ou na urina – as fezes também têm, mas em menor quantidade. É imprescindível que os gatos portadores do vírus sejam castrados, já que fêmeas grávidas podem passar o vírus para seus filhotes, diretamente pela placenta ou na amamentação. Os gatinhos, nesse caso, já nascem infectados pelo vírus e infelizmente podem vir a óbito, mas isso não quer dizer que todos os casos serão, obrigatoriamente iguais. Existem gatinhos que nascem de mães portadoras do vírus e não desenvolvem problemas.
A FELV age de acordo com imunidade e resistência orgânica de cada indivíduo. Ou seja, cada animal reage de maneira diferente, segundo sua própria condição. Alguns gatinhos apresentam sérias complicações, outros, entretanto são portadores, mas não chegam a apresentar sintomas, vivem bem durante anos, mas podem transmitir o vírus a outro que tenha menor resistência. Os sintomas estão intimamente ligados ao local de ação do vírus, que pode atingir vários tecidos ou levar a reações não específicas, como apatia, anorexia, anemia, febre, gengivite/estomatite, uveíte [inflamação intra-ocular], diarréia, entre outros.

A Dra. Angélica Lang Klaussner, médica veterinária e voluntária do AUG, explica que uma das mais notáveis características da Felv em relação a outros vírus é que muitos gatos podem se recuperar e eliminar o vírus sozinho. “Nestes casos, a infecção induz uma poderosa resposta imunológica do organismo, que pode extinguir a infecção. Se isso acontecer antes da medula óssea ser infectada, há grandes chances de que a infecção seja eliminada e o gato deixe de ser portador da doença”, conta.
O ideal é que um gatinho portador de FELV seja filho único. Para quem tem mais de um gatinho em casa e descobre que um deles é portador do vírus, é imprescindível que ele seja isolado dos demais e tratado individualmente, independente dos outros serem negativos ou assintomáticos.

Cuidar de um gatinho FELV positivo não é diferente dos cuidados com um gatinho saudável. O animal deve receber alimento de boa qualidade e evitar carne crua, ovos e leite não pasteurizado, em virtude do maior risco de infecções bacterianas e parasitárias em gatos imunossuprimidos. Além disso, é importante verificar se os gatos assintomáticos estão com as vacinas em dia e, caso contrário, vaciná-los com quádrupla felina e anti-rábica.

O tratamento médico está intimamente relacionado à ação do vírus, ou seja, de acordo com os sintomas ou doenças secundárias. “Existe a necessidade [dependendo de cada caso] e a possibilidade de tratamento com drogas antivirais, assim como nos seres humanos. Devido à resposta a estas drogas, entretanto, esta prática é pouco usada na medicina felina, pois muitos gatos apresentam vômitos e às vezes diarréia associado ao uso do medicamento, interferindo assim na resposta ao tratamento clinico”, diz Angélica.

Como toda doença, a FELV deve ser tratada individualmente, já que cada animal pode manifestar a doença de forma clínica diferenciada. O diagnóstico de qualquer doença deve ser feito somente por um médico veterinário, que vai decidir os exames necessários para a avaliação.
No caso da FELV, existe um método diagnóstico específico, denominado teste Elisa, que detecta o vírus no sangue, bastante eficiente, que dificilmente apresenta um resultado falso-positivo ou negativo quando o animal está efetivamente contaminado.

Um ponto importantíssimo: esta doença NÃO é transmitida para outras espécies animais! É uma infecção limitada aos gatos. Assim, quem tem um cachorrinho e deseja adotar um gatinho, pode pensar com carinho em adotar um dos nossos gatinhos portadores de FELV, sem se preocupar com o risco de uma contaminação?

Para quem deseja ter apenas um gatinho em casa, adotar um gatinho que tenha FELV é uma excelente opção, já que ele não precisa de nenhum cuidado específico. E com a vantagem de dar uma chance para esse gatinho – que normalmente vai acabar passando o resto da vida em um abrigo – conhecer o que é um lar e o carinho de uma família.

Aqui mesmo no AUG tivemos o caso de um gatinho portador de FELV, o Tenório, que foi adotado há poucos meses. Casos como o dele, que sempre foi assintomático, há MUITAS chances de “negativar” com o tempo, ainda mais vivendo num ambiente de carinho, cuidados e segurança.
Do blog "Adote um Gatinho".

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