domingo, 4 de dezembro de 2011

Vida de cão: Como parar com as escavações no jardim


Ayrton Mugnaini Jr., especial para o Yahoo! Brasil07 Apr 2011 05:04:03
“Ó jardineira, por que estás tão triste?/Mas o que foi que te aconteceu?/Foi o cachorro que invadiu o gramado/fez três buracos/minha flor morreu...” Essa poderia ter sido a versão mais cantada da famosa marchinha entre as tantas pessoas cujos jardins, hortas e canteiros têm sido massacrados por tsunamis peludos que desenterram vegetais, “adubam” hortaliças ou marcam território em plantas – mas não precisaria ser! Basta observar alguns detalhes que lembraremos agora.


 A socialização de cães envolve deixar claro para ele os locais que pode ou não frequentar
Cada cão no seu quadrado
Aqui está mais uma boa prova de que cachorros equivalem a crianças de dois anos e meio. Vejamos: não se deixa crianças humanas de dois anos e meio sozinhas perto de piscinas, ruas movimentadas, salas cheias de LPs raros, paredes brancas “pedindo” para serem rabiscadas ou outros lugares onde elas não devam ir em prol da segurança delas mesmas ou dos locais, certo? Pois bem, a socialização de cães envolve deixar claro para ele os locais que pode ou não frequentar, inclusive jardins (lembremos ainda que o cão pode se intoxicar ao ingerir determinadas plantas ou suas partes, como azaléias e bulbos de tulipa); o comando de “Não!” serve também para isso.
Assim como nossas crianças devem ter seus quartos, trechos de parede e quintal onde possam reinar à vontade, a criançona peluda precisa ter brinquedos e espaços para chamar de seus – inclusive trechos de grama ou terra onde ele possa exercer suas vocações de cavocador, mastigador e engenheiro do Metrô.
Quando o cão resolve escavar ou afofar o chão para procurar ou esconder alguma coisa, ou simplesmente usar como banheiro, normalmente ele procurará terreno menos duro e mais fácil de cavar, como terra com flores e plantas recém-colocadas – cães simplesmente adoram terra recém-afofada – ou mesmo vias públicas, calçadas com cascalho e pedregulhos. Procure então reservar um espaço para ele com estas características.
“Ordem é progresso”
Não ligue para os esquerdinhas festivos ou fãs dos Rimbauds da vida para quem ordem é coisa de direita, repressor ou pequeno burguês. Conforme o porte e o temperamento do peludo, pode ser até necessário cercar o local, ou pelo menos isolar os trechos que mais quisermos preservar, como hortas. Coloque cerca de acordo com o tamanho do cão, para evitar que ele simplesmente a pule – lembrando que algumas raças conseguem pular até três vezes a própria altura – , e não se esqueça de fincar a cerca bem fundo no chão, para impedir que seu cão tenha um Dia da Marmota e simplesmente abra um túnel por baixo dela. Escorar mudas para evitar que se verguem à “horda de um bicho só” também é boa ideia, assim como recobrir as raízes recém-plantadas com uma mistura de palha, serragem e folhas.
De que você gosta mais, plantas ou bichos? Poderá ser até necessário planejar a horta ou jardim conforme o cão, reservando para ele cantos mais afastados, evitando cultivar flores e plantas que ele possa sair mastigando ou pisoteando. Também é bom escolher mudas menos delicadas e mais resistentes; um exemplo são certos tipos de rosas, que, ao contrário de outras plantas, não se incomodam muito com a amônia do xixi do cão – mas não se esqueça de regar as plantas com água para ajudá-las na limpeza!
Por falar em limpeza, não se esqueça de cuidar bem do jardim e mantê-lo limpo, pois não é só pinto que fica feliz quando cai no lixo; muitos cachorros podem pensar, à moda deles, que “ah, já está sujo mesmo, ninguém vai reclamar de mais uma mexidinha ou cocozinho”.
Espantalhos para cães
Ainda bem que o canino, por mais inteligente, não entende a letra de “Gardening At Night” do REM. A socialização de alguns peludos com relação a jardins pode exigir medidas mais drásticas.
Enquanto seu cão trabalha durante a noite como guarda-noturno, ele mesmo pode ser guardado com dispositivos sensores que, ao detectarem calor ou movimento próximos, emitam ruídos ou luzes que espantem ou irritem ladrões humanos ou invasores peludos; estes ruídos podem ser especiais para cães, daqueles que só ele pode ouvir.
Há variantes que esguicham água nos invasores – o que pode não funcionar com alguns cães que podem interpretar como brincadeira e convite a mais escavação; alguns criadores recomendam soluções de água com alho, sabão ou pimenta, esguicháveis ou espalhadas pelo jardim, o que ajuda a impedir que o canino se sinta à vontade a ponto de usar a horta como colchão ou banheiro.
E os cães jardineiros
Mas nem todo cão trata jardins como inimigos piores que gatos. Conforme seu temperamento, e com socialização adequada, ele pode até ajudar a seu modo, como, por exemplo, ir buscar ferramentas de jardinagem ou simplesmente ficando quietinho, fazendo companhia para o dono, além de, como dissemos, ter seu espacinho especial para cavocar, brincar e fazer as necessidades e saber que tem seu cantinho enquanto o dono está ao seu lado no jardim.
Ah, sim: se acaso uma camélia “cair do galho”, não se preocupe, camélias não são tóxicas para cães. E você já pode cantar para seu canino uma versão especial da marchinha que citamos: “Não fique triste que esse canto é todo teu/cuide e brinque à vontade, mas não vá mexer no meu!”

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